sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Afinal, para que servem os relatórios de impacto ambiental e as licenças ambientais?

    Muita gente ainda questiona porque as licenças ambientais são tão importantes. Toda obra feita pelo homem causa interferências indesejáveis ao meio ambiente e também nas comunidades onde é realizada. Estes impactos precisam ser exaustivamente estudados e minimizados antes do início de qualquer empreendimento público, é o que diz a Lei.
    Tomemos como exemplo o impacto de uma construção do BRT margeando a linha do trem: quais os impactos que poderiam ocorrer em uma construção como essa? Podemos citar vários exemplos - o barulho, a derrubada de árvores e obras em leito de rios (impacto ambiental); os engarrafamentos (impacto viário); as desapropriações (impacto social), a demolição de um prédio tombado ou de uma instituição tradicional (impacto cultural); assim como o aumento da dificuldade de acesso dos moradores de um lado para o outro do bairro, que causa uma maior segregação da comunidade.
    Nos chama a atenção um impacto em particular: o sistema de drenagem. A Prefeitura precisa considerar a influência que uma obra deste vulto possa causar no sistema de drenagem de nosso bairro. Todos sabemos que ao menor sinal de chuva forte, Ramos alaga. Isto ocorre porque a rua Uranos e a Av. dos Campeões são escoadouros naturais das águas pluviais da região do Complexo do Alemão, mais alto, e portanto, são áreas naturalmente inundáveis. Em 2006, por conta da linha ferroviária, que retem o curso natural das águas e de uma falha no sistema de drenagem da garagem do Penha Shopping ocorreu uma tragédia que deixou 6 mortos. 

Prestem bastante atenção na foto abaixo. Esta é a passagem subterrânea sob a linha ferroviária na rua José Maurício, na Penha. Esta passagem fica nos fundos do Penha Shopping ao lado da Estação Ferroviária servindo como travessia entre os dois lados do bairro. A água da chuva escoou para a a passagem subterrânea e arrastou alguns carros que funcionaram como uma espécie de "tampão". O nível de água na R. José Maurício chegou a 1,5m! 

Carros ficam amontoados no Rio de Janeiro após tempestade que matou 12 pessoas  Foto: O Dia


Leiam abaixo a reportagem veiculada em 27/01/2006 no Jornal O DIA. Reparem em uma provável consequência de um estudo de impacto ambiental mal elaborado. Imaginem se após a construção da Transcarioca uma chuva como a de 2006 tornasse a cair no Rio de Janeiro? 


O DiaTemporal mata oito pessoas no Rio de Janeiro
27 de janeiro de 2006  22h11  atualizado em 28 de janeiro de 2006 às 09h27


Motoristas tentam tirar carro trancado em alagamento. Foto: O Dia
Motoristas tentam tirar carro trancado em alagamento
Foto: O Dia
Pelo menos seis pessoas morreram afogadas no estacionamento subterrâneo do Penha Shopping, na avenida Brás de Pina, no Rio de Janeiro, devido às fortes chuvas que atingiram a cidade a partir do início da noite de ontem. Outras duas pessoas morreram na cidade em decorrência do temporal.
Por volta das 6h45 deste sábado, Arnaldo Marcolino, 56 anos e Luis Pintor foram encontrados pelos bombeiros no interior do estacionamento. Ontem, outras quatro pessoas que não conseguiram sair dos carros também foram localizadas. São elas: Maria Célia Gomes, 42 anos, Cláudio Henrique Chaves Nauzão, 37 anos, e mais duas mulheres ainda não identificadas.
De acordo com bombeiros, é provável que existam outros corpos no local e as buscas continuam. Bombas de sucção a vácuo auxiliam na retirada da água. O alagamento no estacionamento ainda tem um metro de água, o que dificulta o trabalho.
Ainda por causa do forte temporal, o segurança Rafael Gonçalves dos Santos, 25 anos, foi eletrocutado ao pisar em fiação elétrica na Rua José de Alvarenga, no Centro de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Em Inhaúma, zona norte do Rio, uma casa desabou e matou uma mulher de 70 anos.
O aguaceiro que desabou às 17h45 e durou 50 minutos atingiu principalmente a Região Metropolitana do Rio. As defesas civil municipal e estadual estão em estado de alerta. A previsão é de mais chuva até domingo. Cem mil pessoas ficaram às escuras em sete municípios da Baixada e em 17 bairros da capital. Bandidos atacaram motoristas na Avenida Brasil perto da Vila do João, de Cordovil, Penha, Bonsucesso e Benfica e na Avenida Leopoldo Bulhões.
Trilhos alagados levaram a SuperVia a paralisar por duas horas o tráfego em duas linhas do ramal Gramacho (Central-Gramacho e Central-Saracuruna) por volta das 19h. As barcas pararam, uma embarcação bateu nas pedras perto do Forte do Gragoatá por volta das 19h30 e bombeiros tiveram que resgatar os passageiros. Barco virou no Quebra-Mar na Barra, mas seus ocupantes se salvaram. Os aeroportos Internacional Tom Jobim e Santos Dumont fecharam para pouso e decolagem às 19h30.
No Centro, o alagamento parou as avenidas Presidente Vargas e Mem de Sá e as ruas de Santana e Frei Caneca. Houve engarrafamentos na Tijuca, Jacarepaguá, Flamengo, Catete e Laranjeiras. Em São Francisco Xavier, a água passou de meio metro de altura. A água invadiu também lojas do Norte Shopping, no Cachambi; do Shopping América, em Del Castilho, que ficou com a praça de alimentação alagada; e do Mercadão de Madureira.
Dois carros caíram no canal da Avenida Paulo de Frontim, mas ninguém se feriu. Na Rua Pedreira, em Cascadura, um muro desabou sobre o Voyage placa KMU 7725. Em Madureira, na Rua Piribi, barreira desabou sobre uma casa mas nenhum morador foi atingido. No Complexo do Alemão, na Vila Cruzeiro e na Avenida Itaóca, houve deslizamento de terra sobre diversas casas, deixando várias pessoas desabrigadas
A chuva inundou várias ruas, principalmente da Zona Oeste, alagou lojas e trouxe prejuízo para as escolas de samba, que ficaram com os atêlies debaixo d¿água, na Cidade do Samba, na Gamboa.
Invadiu também a Emergência do Hospital Geral de Bonsucesso (HGB) e 60 pacientes tiveram que ser transferidos para leitos nos andares superiores e para o Hospital Municipal Duque de Caxias. O CTI do Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, foi invadido pela água, e os pacientes ficaram encharcados durante duas horas, até serem transferidos. Na Maternidade Praça XV, a situação não foi diferente. O teto de gesso do refeitório desabou. Ninguém ficou ferido.


Veja também outra reportagem sobre o mesmo assunto:
 http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1150859-16022,00-DESESPERO+E+MORTE.html
http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MUL890880-16021,00-CHUVA+E+MORTE+NO+RIO.html

3 comentários:

  1. em primeiro lugar gostaria de me referir a esse novo trajeto da transcarioca passando pela uranos ,emilio zaluar, av .dos campeões pelo nome de: TRAJETO RELÂMPAGO , É PORQUE ESSE TRAJETO FOI FEITO MAIS RAPIDO QUE UM RELÂMPAGO ., agora será que foi feito um estudo detalhado de impacto ambiental, impacto social para esse TRAJETO RELÂMPAGO,me desculpe mais se foi feito ,foi feito igual ao sobrenome do trajeto.


    parabéns ao movimento !!!! transcarioca sim ,na uranos não!!

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  2. O projeto original BRT/TRANSCARIOCA pela Estrada do Engenho da Pedra,
    outorga a essa vía seu real valor pois sempre foi SUB-APROVEITADA apesar de sêr: Longa, direcionada e estratérgica.
    A prefeitura do RJ através da secretaría de obras consegui enchergar essa
    importancia na Estrada referida, simplismente por sêr a MELHOR
    opção p/ o caminho do BRT/TRANSCARIOCA no seu
    caminho à Av. Brasil.
    Nota-se que qualquer opção(?) "estranha" sugerida fica EXPOSTA a tudo(Questões legais...)
    e a todos(uma questão mundial...).
    Administradores, profissionais, associações, moradores e empresas.
    Também ao tempo, a técnica e a razão. A Estrada do Engenho da Pedra é uma vía quase DESCONHECIDA. Apesar de ligar a Estação de trens Olaría e conduzir "plenamente" e "solenemente", passando por Ramos, à Av. Brasil/Aeroporto/Ilha. Nunca foi sériamente dada seu valor. O resultado foi a decadência acelerada com o vazío das empresas principais que saíram (CIFERAL, AGGS etc...próximas à via).
    Decadência também por sêr área de herdeiros.
    Bisnetos, netos e filhos convivendo nos terrenos, com mangueiras e goiabeiras,
    hoje escaços em outros bairros.
    O BRT passando nela, criaría paralelidade sócio-econômica na Leopoldina (estação trêns no centro e BRT por baixo), junto ao comércio crescendo na Rua Uranos nesses novos tempos. O "miôlo" dos bairros de Ramos/Olaria seríam REVOLUCIONADOS em todos os parâmetros.
    Fatalmente traríam em pouco tempo uma atração imobiliária natural(terrenos com
    mangueiras e goiabeiras...)até mesmo de hospedagem pela proximidade
    à aeroporto e mesmo estações BRTs.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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